História da Imigração Italiana


Os ítalos-brasileiros são considerados a maior população de "oriundi" (descendentes de italianos) fora da Itália. Não se sabe o número exato, mas estimativas oscilam entre 23 a 25 milhões de brasileiros com algum grau de ascendência italiana, representando cerca de 15% da população brasileira.

A imigração italiana no Brasil foi intensa, tendo como ápice a faixa de tempo entre os anos de 1870 e 1920. Começou de maneira consistente a partir de 1870, quando a Itália atravessava um período de graves conflitos internos e grandes transformações políticas.

O início da imigração italiana coincidiu com o processo de abolição da escravatura e da expansão das plantações de café. Incentivado pelo governo brasileiro, panfletos e cartazes passaram a ser espalhados pela Itália, com o intuíto de vender uma boa imagem do país e, assim, atrair imigrantes. Além disso, havia no governo brasileiro uma política de imigração planejada de modo a não só suprir a mão-de-obra necessária ou de coloniazer territórios pouco ocupados, mas também como um modo de "branquear" a população brasileira. Neste contexto, negros e mestiços iriam paulatinamente desaparecer da população brasileira por meio da miscigenação com as populações de imigrantes europeus. Essa política de imigração não era somente usada no Brasil mas vários outros países do mundo privilegiavam determinados grupos de imigrantes conforme as características raciais ou religiosas desejadas...

Rapidamente, milhares de italianos passaram vir para o Brasil, em busca de dinheiro e melhores condições de vida. O governo brasileiro pagava a viagem, e o imigrante tinha que se propor a trabalhar nas fazendas para devolver o valor da passagem paga.

Embora a imigração italiana no Brasil fosse quase que exclusivamente rural, com o passar do tempo, muitos dos imigrantes começaram a sair das zonas rurais. O imigrante italiano no meio urbano brasileiro foi de extrema importância, participando ativamente no desenvolvimento do comércio e de atividades urbanas. 

Em 1901, 90% dos operários fabris de São Paulo eram italianos. Foram um dos protagonistas no desenvolvimento dos maiores centros urbanos do Brasil. Ao lado de brasileiros e de outros imigrantes, os italianos trabalharam ativamente nas fábricas que se multiplicavam pelo País. Os salários eram muito baixos, o que forçava os imigrantes a viverem amontoados em cortiços, podendo viver em uma única casa diversas famílias. Surgem, então, bairros como o Brás e o Bixiga, ainda hoje ligados ao passado operário italiano. O trabalho não era exclusivo dos homens: crianças e mulheres italianas formavam parte significativa dos trabalhadores. 

Com o passar do tempo, o setor terciário das cidades brasileiras cresceu e muitos imigrantes italianos deixaram as indústrias para trabalhar como artesãos autônomos, pequenos comerciantes, motoristas de ônibus e táxi, vendedores de frutas e vegetais, sapateiros, garçons de restaurante. Surgiram então pessoas que se destacaram. O exemplo mais notável é de Francesco Matarazzo, criador do maior complexo industrial da América Latina do início do século XX, tendo sido um dos marcos da modernização no Brasil. Desta forma, membros da comunidade italiana passaram a compor a elite paulista: a maioria dos primeiros grandes industriais de São Paulo vinham da colônia italiana.

Das inúmeras contribuições dos italianos para o Brasil e à sua cultura, destacam-se:
  • O enraizamento do catolicismo no Brasil, trazendo elementos italianos para a religião brasileira.
  • Diversos pratos que foram incorporados à alimentação brasileira, como o hábito de comer panetone no Natal e comer pizza e espaguete freqüentemente (principalmente no Sudeste), além da popular polenta.
  • O sotaque dos brasileiros (principalmente na cidade de São Paulo, nas serras gaúchas, no sul catarinense e no interior do Espírito Santo).
  • A introdução de novas técnicas agrícolas (Minas Gerais, São Paulo e no Sul).
  • A imigração italiana no Brasil também serviu de inspiração para várias obras artísticas, televisivas e cinematográficas, como as telenovelas Terra Nostra e Esperança, e o filme O Quatrilho, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro. 
  • Alguns pratos típicos que vieram e ficaram são: o polpettone alla parmigiana, (feito de carne moída, que chega à mesa mergulhado em molho de tomate e coberto por queijo parmesão), a pasta, o risotto, as batatinhas calabresas, o pão italiano com presunto de Parma, além, é claro, da famosa e deliciosa "pizza". E pensar que "pizza" era considerada comida de pobre?! É... Somente depois que a rainha Margherita provou e aprovou (então batizada de margherita em homenagem à rainha) que a "pizza" ficou sendo tão apreciada e desejada por todos. 
Quase todos os italianos adultos eram alfabetizados na língua italiana, além disso, muitos tinham mãos-de-obra especializadas em carpintaria, marcenaria, mecânica e arte tipográfica. Isso possibilitou que, além da agricultura, muitos se tornaram comerciantes e industriais, em particular no ramo moveleiro.

Esse tipo de comércio expandiu-se na região, principalmente, no Município de São Bernardo do Campo. A partir nos anos 60, esse ramo de atividade foi ocupado pelos imigrantes e descendentes árabes. No Grande ABC existem nove ruas, uma praça, um largo, um bairro e três paróquias dedicadas a Santo Antônio, que os italianos chama “de Pádua” e os portugueses “de Lisboa”. A devoção a esse santo na região iniciou com a instalação dos núcleos coloniais.

A chegada ao Brasil e o destino das comunidades italianas:

A maioria desses imigrantes se fixou em São Paulo, sobretudo a partir de 1888, após o fim do regime escravista. Em substituição aos escravos, foram contratados pelos fazendeiros paulistas para trabalhar nas fazendas de café.


Imigrantes italianos em plantação de café – SP


Após a crise de 1929, que encerrou o ciclo do café, muitos imigrantes italianos que viviam no interior dirigiram-se para a capital paulista em busca de trabalho como operários nas fábricas. Outros procuraram o comércio ou dedicaram-se às mais variadas profissões urbanas, imiscuindo-se em todas as áreas de atividade. Hoje, é notória a influência italiana na cultura paulista, fazendo-se notar na culinária, nos costumes e até no modo de falar.



Bairro do Bixiga, em São Paulo - fundado por imigrantes italianos


Uma outra leva de imigrantes italianos seguiu para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ainda no final do século XIX, estimulados pela doação de lotes para a agricultura familiar.

Visando facilitar e incentivar a vinda desses imigrantes, foram criadas colônias, especialmente no Rio Grande do Sul. Cada colônia era uma extensão de terras cuja área central era ocupada por uma sede administrativa e por uma igreja. A sede abrigava também pequenos artesãos e comerciantes, que contribuíram para a autossuficiência da colônia.


Antônio Prado - RS. Última das colônias de imigrantes italianos


A partir do centro de cada colônia, distribuíram-se caminhos e estradas que levavam aos pequenos lotes de terras doados aos imigrantes. Nessas pequenas propriedades, as famílias italianas desenvolveram uma agricultura de subsistência. Com o tempo, porém, começaram a produzir excedentes de milho, feijão, batata, trigo e arroz, que eram comercializados em todo o Rio Grande do Sul. Mas o cultivo que melhor se adaptou às condições naturais da Serra Gaúcha foi a videira.

Cultivo de uva - foi o principal produto cultivado pelos imigrantes italianos


Várias colônias transformaram-se em cidades importantes, como Bento Gonçalves, Garibaldi e Caxias do Sul. Já o vinho, o principal derivado das videiras, tornou-se um produto tradicional da Serra Gaúcha.

Em Santa Catarina, os imigrantes italianos concentraram-se principalmente em Tubarão, Nova Trento, Urussanga e Criciúma, embora seus descendentes estejam presentes em todo o estado.


Caxias do Sul - RS. Cidade fundada por imigrantes italiano



Textos de:
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Imigrantes_italianos
http://professormarcianodantas.blogspot.com.br/2011_11_01_archive.html






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